quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Ayrton Senna. O culpado!

Sempre que falam do Senna é inevitável haver alguma menção a sua condição de ídolo, herói nacional, enfim, o salvador da pátria. O esporte em si fica em segundo plano. Como eu disse, é inevitável.


Mas quem viu ele correr sabe que a coisa é um pouco mais profunda.

Existem várias pesquisas feitas por entendidos, ex-pilotos, especialistas, estudiosos, etc, que apontam Senna como um dos maiores, senão o maior piloto da F1 de todos os tempos. Talvez tenha sido. Não sei como se pode comparar pilotos de épocas diferentes com tanta propriedade, mas quem sou eu pra discutir, mesmo por que na minha humilde opinião também acho Senna o maior de todos. Foi com ele e com o meu pai que aprendi a gostar de carros e de corridas. Meu pai nos levava (eu e meu irmão) para assistir corridas no kartódromo de Guaratinguetá, e domingo sim domingo não eu estava na frente da televisão assistindo Senna e muitos outros gênios correndo numa fórmula 1 agressiva e competitiva. Tinha até ultrapassagem! Mais de uma ou duas por corrida por incrível que pareça. Era muito divertido.

Porém, no dia primeiro de maio de 1994, ápice daquele fim de semana horrível, entrei em uma recessão. Fiquei anos sem assistir corrida alguma. Até assistia, mas era raro. Eu era mais um órfão do capacete amarelo. Pensava assim até o dia em que sentei num kart pela primeira vez. Foi em Campos do Jordão não lembro quanto tempo atrás. Era um indoor daqueles de piso liso pra caramba e karts com motor 4 tempos 5,5 hp. Foi uma corrida medíocre, mas incrivelmente divertida. A partir desse dia, sempre que havia a chance, eu torrava meu dinheiro pra poder dar umas voltinhas desajeitadas com meus amigos. Era mais forte que eu. Era algo que eu não sabia explicar apesar de conhecer essa sensação de euforia de algum lugar. Era uma doença, algo que já havia sentido antes de sequer entrar em uma pista. Onde foi que tudo isso começou então?

Domingo passado no excelente programa Top Gear da BBC, Lewis Hamilton parecia uma criança que estava ganhando um brinquedo novo. O brinquedo era a Mclaren MP 4/4 pilotada por Senna em 1988, ano do seu primeiro título. O cara é um tarado. Ria a toa literalmente. Igual um moleque andando de kart em Campos do Jordão anos atrás. Eu tinha achado a resposta.

Ayrton Senna morreu e virou símbolo, ícone, sei lá mais oque pra muita gente, mas para mim e imagino que pra muitos outros incluindo Lewis Hamilton , foi o vetor do automobilismo, uma doença incurável que se manifesta quando você disputa a primeira corrida. Depois disso ferrou. A dita cuja só torra seu dinheiro, seu tempo e ainda cria outras mazelas adjacentes. No meu caso a minha coleção de miniaturas, que por um acaso, são todos carros de corrida.

Herói? Que herói que nada. Ele é um dos doentes que tiveram sucesso e contaminaram milhões de coitados mundo a fora e que agora, são doentes como eles. Cada geração teve o seu culpado. Na minha foi o Ayrton. Na do meu pai Emerson ou Jim Clark. Nós, que jamais teremos apoio como eles tiveram (patrocínio) iremos penar o resto da vida por causa disso. Penar com um baita sorriso na cara e com todo o prazer do mundo é bom frisar. Seremos doentes orgulhosos, velozes, e felizes pro resto de nossas vidas.

Obrigado Senna.

3 comentários:

  1. Obrigado, Senna. Assim como meu amigo Bruno, sou mais um doente, que anda de kart por conta da propaganda que faço para outro doente (este, o pior de todos) que resolveu fazer a alegria de milhares de outros doentes, nos oferecendo um kartódromo aqui "do lado de casa".

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  2. Brilhante texto, irmão! Resumiu como poucos o que é o Senna pra nossa geração. Agora, essa corrida em Campos do Jordão, juro que não lembrava dela. Mas essa época de kartódromos meia boca em tudo quanto é canto realmente foi algo fantástico. Ainda bem que passamos por isso, e que tivemos a sorte de ter um kartódromo de nível internacional no quintal de casa, como bem lembrou o Rodolfo. Lembro-me de juntar a turma pra pegar o circular na Oswaldo Aranha só pra correr em Guará e que, naquela época, a loucura do Alexandre já despontava. Mas o que importa é que a doença pegou, a gente cresceu e os brinquedos são bem mais caros agora. Mesmo assim, somos (muito) felizes em gastar essa graninha.

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  3. Acho q vocês vão gostar desse video:
    http://luhatake.blogspot.com/2010/11/video-dos-30-brasileiros-na-f1.html

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